Lições que aprendi no desenvolvimento de produtos, sistemas e campanhas

Gustavo S. Rodrigues
6 min readJun 21, 2018

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Há aproximadamente 15 anos eu comecei a trabalhar, desses 15 anos, 9 foram especialmente na área de tecnologia. Pude acompanhar de pequenos a grandes projetos sendo orçados, planejados, desenvolvidos, implantados e sustentados, além de ter passado por diversas áreas do desenvolvimento de um produto digital.

Já atuei dês da sua análise inicial de um projeto, fazendo propostas comerciais, acompanhando follow-up, fechando negócios, depois como analista de requisitos, ajudando a traduzir necessidades em especificações, pude nessa época também colaborar no plano de reestruturação de processos da empresa, identificando processos falhos ou criando rotinas estruturadas para melhor entrega de demandas, após esse período, durante um período também atuei diretamente com o processo de atendimento publicitário digital, coletando briefings e pondo no fluxo de desenvolvimento, no entanto, em um dado momento identificamos um sério problema relacionado a processos de qualidade, e assim me tornei analista de testes, estudei fluxos e mais fluxos de teste, linguagens de programação, etc. para melhor desempenhar esse processo, e em um dado momento eu já estava codificando e corrigindo erros simples do projeto, ou ao menos apontando onde tecnicamente deveria ser ajustado, até que um belo dia eu me tornei programador e pude desenvolver projetos, tudo com o amparo da equipe.

Dês de então sigo me desenvolvendo e galgando posições, passando por empresas onde pude aprender de tudo um pouco, dês do que se fazer até o que não se fazer em um projeto, seja tecnicamente ou na forma de gestão. Posso dizer que já fiz muitas coisas, trabalhei em agência, empresa com seu próprio portfólio de produtos digitais, empresas de outras áreas porém com ativos digitais próprios, consultorias e startup.

As lições que aprendi

Acredito que a maior lição que aprendi foi que não existe projeto bem sucedido sem comunicação, acredito que o maior fator de sucesso e insucesso de um projeto está diretamente ligado a comunicação, seja ela interna ou externa, portanto, sempre que você identificar divergências de entendimento, busque sempre ser o embaixador da paz e boa convivência, busque unir essas pessoas e não separa-las ainda mais, para que todos estejam sempre alinhados.

Outra grande lição que aprendi, seja substituível, faça o seu melhor, mas faça de um jeito que todos entendam, ensine e dissemine o que você sabe. Talvez isso vá de encontro com a famosa frase do Bill Gates, mas seja insubstituível enquanto pessoa, nunca enquanto técnica.

“Quer saber como sobrevive? Faça com que precisem de você. Você sobrevive porque os faz precisar do que você tem . E então eles não têm mais para onde ir.” Bill Gates

Seja honesto, talvez o mais básico seja o mais difícil, mas saiba assumir erros, pois é lamentável ver outras pessoas pagando o pato por algo que você fez ou omitiu, seja por insegurança, medo ou rivalidade. Jogue limpo acima de tudo.

Você nunca saberá tudo, e isso é bom. Já tive a experiência de liderança técnica cujo todos faziam code review, a regra era só ter dois aprovadores independente do nível. O mais interessante é que mesmo um Jr pode fazer questionamentos e sugestões pertinentes e mais, ver coisas que um Sr não pensou. Acho que aprendi muito com isso, e acredito que independente de posição, todos sendo uma equipe, todos ganham, basta botar o ego de lado e fazer acontecer.

Não leve pro pessoal, mas sempre saiba que no fim, fazer projeto é sobre pessoas e relações. Sabendo disso, pessoas tem problemas, pessoas tem aspirações e inseguranças e entende-las é uma arte. Eu particularmente tenho duas regras, que são:

Eu sou seu espelho, se você nunca me ofender eu nunca te ofenderei, se você me ajudar eu o ajudarei.

Cada tema seu tom, ou o bom e velho da porta pra fora tá tudo certo, continua a amizade. Digo isso pois aprendi com o tempo que não vale a pena levar pra outras esferas e projetos problemas com uma pessoa em específico, é saber separar as coisas e não levar para o pessoal.

Tudo posso mas nem tudo me convém, e isso é sobre liberdade de expressão, é sobre lidar com opiniões divergentes das suas e respeitar a dos outros, seja ela por uma preferência por tecnologia ou religião.

Seja claro, sempre seja claro, ainda que você seja o chato questionador, pois o entendimento só é atingido após o amadurecimento e perguntas chaves, e quanto mais perguntas você tiver, mais perto de resolver você está.

Não jogue war com outros setores, não é sobre ilhas um projeto, é sobre um projeto, todos tem responsabilidades, todos temos contas pra pagar e problemas, e vejo que em um ambiente produtivo não podemos ter fronteiras, não podemos falar isso não é de minha responsabilidade, quando você é um dos afetados caso não saia como o planejado.

Assuma responsabilidade, assuma riscos. Isso é sobre trazer pra si as coisas, é sobre fazer o que precisa ser feito, não apenas aquilo que você assinou ao entrar na empresa.

Não santifiquem pessoas nem crie heróis, pois todos falham, sem exceção. E saber disso é importante, ainda que você a tenha como referência, saiba que a sua diferença entre ela é que talvez os erros que você comete, são os erros que ela já cometeu, e ela ainda cometerá erros, e é normal, não se frustrem por isso.

Saiba perder uma discussão. Saiba que por mais que você goste de uma coisa, ela pode estar errada ou não se aplicar ao caso posto. Dito isso, no fim é sobre ser humilde e por os projetos a frente do seu ego.

Seja flexível e resiliente. O mundo muda, a tecnologia muda, as pessoas mudam, e você deve aceitar isso de algum modo, pois na lei da sobrevivência só quem se adapta sobrevive, e é normal ter medo de sair da zona de conforto, mas numa guerra sobrevive quem mais se move, movimento é vida, então estude, e não tenha medo de recomeçar, e saiba que conhecimentos anteriores o influenciarão em decisões chaves no futuro com outra tecnologia, quando você tiver maturidade o suficiente em não tratar uma determinada tecnologia como religião.

Tenha um mentor e seja um mentor. Ainda que sua empresa não tenha um processo formalizado, faça esse exercício. Sou muito grato pelas pessoas que me conduziram até aqui, pois sem elas eu não saberia o que sei, sem suas orientações, reviews, sem seus livros que me emprestaram, sem seus desafios. E eu faço o mesmo hoje, pois tudo passa, mas o conhecimento fica.

Escreva artigos, faça ou contribua com projetos open-surce. Se você além de fazer, souber explicar, está a um passo de ser um dev melhor, e mais legal que isso, você está ensinando outras pessoas e aprendendo 2x. Sobre open-surce, talvez não seja fácil contribuir, mas é o lugar que mais você vai aprender na sua vida, pois terá reviewers do mundo todo criticando coisas que você fez, e melhor, colaborando com algo que de fato muda o mundo e a forma que você trabalha, seja traduzindo, documentando, testando, codificando, abrindo issues, ou respndendo-as, faça isso. Outra coisa importante, faça pocs, faça boilerplates, faça libs e projetos abertos, pois você estará ajudando pessoas e buscando fazer o seu melhor, pois sabe que alguém estará vendo, e ter isso é bom, ter um amigo comentando sua pr no projeto ou abrindo issues, por mais que vc sinta vergonha, é assim que se aprende, botando a cara pra bater. Além do plus de ter um portfólio aberto quando for procurar novas oportunidades.

Não seja o Neymar do time. Um time saudável é mais eficiente e produtivo do que um time com um herói, porque no fim o dev mais talentoso, deve ser aquele que decide tocar a bola quando vê alguém bem posicionado, pois mais vale o resultado do que a glória.

Disclaimer

Não sou o exemplo a ser seguido, mas com base no que vivi até agora no mercado de tecnologia, tudo isso que pontuei fizeram a diferença.

Até a próxima!

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Gustavo S. Rodrigues

Sou um arquiteto de soluções apaixonado por linhas de códigos e por problemas não convencionais